Renata Gordo | Florianópolis, SC







[clique nas imagens para ampliar]
O ato de tricotar remete a uma atividade desenvolvida na infância, amadurecida no trabalho profissional e agora voltada ao puro exercício de observar volumes, sulcos, depressões e trama-los. É dessa forma que Nara trama a matéria prima de seu trabalho, as redes de pesca industrial lançadas ao mar e também a sua relação com a natureza e o impacto ambiental.
Em meio aos seus tricôs gigantes e multiformes, nos encontramos e nos tornamos amigas. A partir daí, nas visitas que faço semanalmente ao seu ateliê, desde 2019, dou o suporte necessário para que ela crie. Enquanto isso, observo e registro o desenvolvimento do seu trabalho. Criamos juntas.
Nara vai tecendo as suas redes, adensando o território da criação, construindo a sua cartografia marítima e o meu olhar viaja seduzido pela maleabilidade das formas e a liberdade dos processos artísticos.
Neste fotolivro “Tramas, mãos e redes” pude navegar com a Nara e documentar a viagem, seguindo suas redes, seus processos, suas tramas e seus mares. Mergulhei com a vontade de encontrar um refúgio, um lugar onde ancorar e me vi como parte das mãos que formam essa rede.
Redes que são parte gente, parte água, parte planta, parte bicho e parte lixo. Tudo ressignificado, reaproveitado e como pano de fundo a história da própria humanidade. Parte dessa trama é apresentada de forma poética através destas fotografias, para que possamos fazer novas redes de relações, da matéria, do ser humano e da natureza.
Confira outras obras selecionadas para o Espaço do Livro na 7ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia.