Andréa Brächer | Porto Alegre, RS












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Atribui-se à câmera o poder de gerar o duplo, de captar a alma, de ser uma janela para um universo mediado pelas fantasias, desejos e afetos de seu operador. É a porta para o invisível: tanto do que não se vê, mas também do que só é possível imaginar.
A fada, um ser fada, é um intermediário entre seres reais e espíritos. Que lugar é esse que a fotografia ocupa capaz de captar até seres do mundo ditos invisíveis? E é com essa pergunta que inicio a série fotográfica “A Vinda das Fadas”.
É possível atribuir à fotografia uma capacidade que lhe falta, de que a verdade é sempre fotografada? Ao fotografar entidades sobrenaturais, me pergunto: por um lado, a capacidade do médium de registrar cientificamente os fenômenos da natureza; de outro, a estranha (sobrenatural) capacidade da fotografia de ser quase um processo mágico, capaz de invocar as sombras e o sobrenatural. As fadas fazem parte do mundo espiritual e todas as culturas as possuem em sua mitologia e folclore de alguma forma.
No meu processo criativo, “cito” a história verídica de duas inglesas Frances Griffiths (1908-1986) e Elsie Wright (1901-1988), que fotografaram fadas em um jardim em duas séries, em 1917 e outra em 1920. Por muito tempo, as meninas apoiaram essa história e suas imagens eram tidas como certas. Essa falsa crença em sua veracidade persistiu na imaginação de quem os viu. Pouco antes de morrer, uma das meninas declarou, por meio de carta e desenhos, a operação de encenar as fadas no jardim.
No meu trabalho utilizo as ilustrações de fadas da inglesa Cicely Mary Barker (1895-1973), recortei-as, coloquei-as em plantas de um jardim e depois fotografei-as. O próximo processo é o uso de um processo histórico (Photogenic Drawing Process – 1834). Algumas imagens, devido ao processo de Desenho Fotogênico, desaparecem com o tempo.
Confira outras exposições da 7ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia.