Cris Veit | São Paulo, SP












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[…] durante séculos o amor foi a única paixão permitida às mulheres, enquanto os homens podiam se apaixonar por muitas outras coisas […]
Rosa Montero, “A ridícula ideia de nunca mais te ver”
Meu coração está cheio é um mergulho nas experiências românticas de uma mulher. Depois de ter passado a maior parte da minha vida adulta em relacionamentos, aproveito o espaço físico e mental que experimento para explorar outras paixões e a criar minhas próprias imagens de intimidade.
Em antigos álbuns de fotografia, busquei imagens feitas por ex-namorados para construir um léxico de expressões apaixonadas e de reações ao ser fotografada. A justaposição de souvenires de relações passadas com autorretratos de hoje reflete sobre o doce e o amargo do amor, apresenta a minha intimidade construída por olhares de diferentes parceiros e discute escolhas das mulheres, maturidade, autoconhecimento e envelhecimento.
Os autorretratos emulam o olhar de um parceiro e a minha reação ao ser observada para refletir sobre o que do nosso comportamento, das emoções que vivemos é uma encenação, uma reprodução de gestos românticos ditados pela cultura dos filmes, livros, publicidade.
Se as primeiras feministas do século XVII defendiam a ideia da educação como forma de garantir à mulher os mesmos direitos dos homens e de buscar outras opções de sobrevivência na vida adulta além do casamento, eu me baseio na minha experiência pessoal para propor a direção de nossas paixões para além do amor romântico. Apresento o prazer da criação artística como possibilidade de equilibrar o desejo por uma vivência intensa, busca tão atávica de grande parte das mulheres.
Acima de tudo, vejo esse conjunto de imagens como um olhar afetuoso para o meu eu do passado, que permitiu que esteja no lugar onde me encontro hoje.
Confira outras exposições da 7ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia.