Flavia Sampaio | São Paulo, SP












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Um artista pode alcançar a ilusão de uma realidade exterior, e obter efeitos cuja naturalidade os faça em tudo semelhantes à vida – em “Esculpir o Tempo” de Andrei Tarkovski
Durante o caminhar cotidiano desperto para observação da natureza e para curiosidade sobre espécies familiares ou desconhecidas. O olhar busca figuras diversas durante o trajeto e o deslocamento transforma-se numa rotina de coleta. Um cientificismo imaginado que surge a partir do encantamento com folhas, flores ou galhos. Carrego os objetos da natureza para fora de seu habitat. Levados para o estúdio, são colocados, um a um, sobre fundo preto neutro. Transplantados e isolados assumem nova identidade. Convivo com as formas, por breves momentos, ainda frescas. Às vezes registro logo que chegam, como são. Outras, aguardo que murchem, sequem, apodreçam. Dá-se a construção da luz. Da transformação, para esculpi-los no tempo e no formato, para depois congelá-los pelo registro fotográfico.
A investigação dos contornos e cores sob diferentes ângulos de incidência de luz e a manipulação que transfigura, marca a passagem do tempo. A beleza da juventude que habita o imaginário coletivo em detrimento da velhice é questionada. O desgaste refutado e escondido se expõe. A investigação que poderia somente evidenciar as marcas do tempo aponta para uma revalorização do que se deteriora. Florescer e murchar, nascer e morrer. A degradação revela um novo existir. A natureza não é morta.
Confira outras exposições da 7ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia.