Lembranças nem tenho

Rômulo Silveira | Fortaleza, CE

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Lembranças nem tenho possui duas linhas de força que se tocam no campo da memória: sua produção imagética e sua ficcionalização.

Em uma série de sete imagens em tamanho 10×15, trago o registro sobre o registro feito nos versos de fotografias de família. Uma tentativa de suprir a ausência do que a fotografia não registra? Um medo de esquecer? Uma escrita da história pessoal? Lembranças nem tenho é um trabalho que está situado nas lacunas da memória, no medo de esquecer, na tentativa – sempre falha –  de curar as ausências. Dos registros, das memórias mal contadas pelo devaneio da loucura, da resposta dolorosa à pergunta desamparada.

Além dos registros feitos sobre o verso das fotografias, tenho como interlocutor nesse trabalho meu pai, que em momentos de delírio já me contou histórias algumas das mais absurdas mas que acredita com veemência. Mas o que é de fato registro e o que é fabulação de nossas memórias? Embora parta de experiências pessoais para compor o trabalho e o organize de forma a contar uma história mais ou menos coesa, acredito que ele possui uma visualidade que se conecta com outras experiências, ampliando o campo de interpretações que dele possam surgir, uma vez que entre uma imagem e outra não existe uma narrativa que se fecha completamente.

Confira outras exposições da 7ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia.