Baque

Sabrina Moura | Fortaleza, CE

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Quando o baque ressoa é o maracatu entrando na avenida. Maracatu é uma manifestação cultural que traz consigo a exaltação a ancestralidade negra, seja através da reverência a entidades de religiões de matriz africanas ou pela dança dramática carregada de simbolismos e histórias seculares de resistência. O maracatu consiste em um cortejo de negros que culminava com a coroação simbólica do rei e da rainha do Congo. Estudos relatam a prática do maracatu na cidade de Fortaleza desde a década de 80 do século XIX. Proibido pela igreja católica e pela elite cearense com pena de prisão e multa, os negros passaram a usar o negrume (uma tinta preta para pintar os rostos) como forma de manter a tradição e não serem identificados. Só em 1937, os maracatus foram oficialmente incluídos no carnaval de Fortaleza e apenas no ano de 2015 se tornou patrimônio imaterial da cidade. Pela primeira vez fui ver de perto essa tradição cultural que exalta nossa ancestralidade. Como fotógrafa, escolhi registrar sem lentes (transformando a câmera digital em uma pinhole), apenas com um furo na tampa no lugar da objetiva. A estética foi resultado do ritmo das batidas dos tambores ressoando no meu corpo e coração. Com a câmara longe dos olhos, vivenciei tudo de forma orgânica e confesso: foi incrível!

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