Incubus

Chris Bueno | Cotia, SP

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“Era sempre noite quando ele entrava no nosso quarto, sentava na minha cama enquanto eu congelada segurava o ar, fingindo que dormia e esperando aquilo acabar. Ainda hoje, quando me deito sinto sua presença, o colchão afundando, meu corpo jaz paralisado, agora pelo meu inconsciente. Vultos e sombras passeiam pelo meu quarto. Há muito não sonho, não por muito tempo. Meus sonhos são sempre interrompidos por delírios frenéticos, por momentos de pura escuridão, por monstros que vieram de fora e agora fazem parte de mim. Há muito corro na floresta, perseguida pelo que me tornei após ser atacada pelo incubus.” (Chris Bueno)

“Segundo as tradições mitológicas e lendárias, incubus é um demônio em forma masculina que se deita sobre jovens mulheres adormecidas para praticar atividade sexual com elas. A etimologia da palavra incubus vem do latim (incubāre: deitar sobre) ‘um pesadelo induzido por um demônio tão malévolo’ espírito de incubãā. Contos lascivos de incubus foram contados por muitos séculos nas sociedades tradicionais.

Ao longo dos tempos e nas variadas culturas, a violação sexual de crianças, meninas e jovens mulheres é socialmente encoberta por uma intrincada criação de estórias e lendas que expurgam as responsabilidades dos criminosos que a praticam. Seres extraterrenos em pactos demoníacos são formulados como os bodes expiatórios dos reais abusadores de carne osso. Pesadelos que não acabam quando abrimos os olhos na vigília: nem na arte, nem na vida.” (Ana Sabiá)

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