Ditadura cotidiana

Leylianne Alves | Belo Horizonte, MG

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Todos os dias passamos por lugares onde aconteceram inúmeras coisas. Algumas sem muita importância, mas outras que marcaram o país. Pensando nisso, iniciei o projeto de doutorado “Batalhas pelas memórias de um ano: cartografias das memórias jornalísticas dos cinquenta anos de 1968”, realizado na UFMG e concluído em 2020. É dele que deriva este trabalho, com fotografias registradas entre 2017 e 2018 em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A ditadura aconteceu em todos os lugares. Quando saímos de casa podemos passar por onde aconteceu um atentado, um assassinato ou onde pessoas foram torturadas. Mas a questão principal é: por que não sabemos o que aconteceu aqui?

As memórias da ditadura fazem parte de um cenário de esquecimento. Poucos foram os lugares oficialmente demarcados. A Lei da Anistia – ampla, geral e irrestrita – tratou igualmente sobreviventes e torturadores. A Comissão Nacional da Verdade só foi instaurada em 2012, quase três décadas após o fim do regime.

Vários dos lugares de contestação foram demolidos. Prédios de torturas e prisões ilegais, seguem de pé. Alguns estão em disputa, outros completamente esquecidos. Mas uma coisa todos eles têm em comum: suas memórias estão meio apagadas, difíceis de ler, mas resistem.

O convite, aqui, é para que você busque, em cada registro do presente, os vestígios de passado que ele carrega. Ler, nos lugares do cotidiano, os horrores da ditadura, não um sonho, mas sim um pesadelo. É nosso dever lembrar, para que não se repita.

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