Mise en cadre

Ju Bezerra de Mello|

Sergei Eisenstein define “mise-en-cadre” como “a composição pictórica de quadros mutuamente independentes em uma sequência de montagem”, mas também significa literalmente a ação de enquadrar. Graças à fotografia a imagem do corpo é imortalizada num tempo T. O corpo se torna prisioneiro, mas libera-se do envelope subjetivo, pois colocado à distância. Nessa sequência de autorretratos sou apenas matéria corpórea. Imagem e corpo se fundem numa quase monocromia fazendo desta uma reflexão plástica. A pele delimita nossa existência física; o enquadramento define nossa existência enquanto imagem. A silhueta de uma pessoa é, por conseguinte, uma demarcação que define a configuração física e marca a fronteira entre o corpo e o exterior. Existimos nós e o mundo ao redor, e nosso corpo é afetado por ele. Os limites do nosso corpo também mudam ao longo da vida, do meio em que vivemos e ganha novos contornos… Enfim, temos que nos adaptar de certa forma aos espaços propostos, à sociedade, aos modos de vida mutantes. Todos nós vivemos o fato de ser enquadrado (literalmente e figurativamente) de forma diferente. Tento aqui confrontar esses limites usando a fotografia como metáfora.

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