A imaginação como saída
A imagem carrega uma série de complexidades que nem sempre são levadas em conta, nem sempre são vistas com o cuidado que demandam. Nossa experiência com elas é muito dinâmica. E nos contentamos, muitas vezes, com o contato mais superficial. Passamos de uma imagem para outra com uma rapidez incrível. Um volume enorme por minuto, por hora, por dia. Muitas das vezes, nos detemos no que a imagem mostra mais diretamente – na pessoa que aparece, na cena, nos objetos, na paisagem. Outras vezes nos interessamos pelas questões mais visuais, composição, luz, cores, se é bonito, se não é bonito.
Pegando carona no pensamento de Aristóteles, quando ele afirma que a imitação pode nos apresentar as coisas como elas são, como elas parecem ser ou como elas poderiam ser, e emendando com uma percepção recorrente de que a fotografia captura a imagem das pessoas, das coisas ou dos acontecimentos, ou seja, traz essa imitação da aparência que muitas vezes se confunde com a própria coisa fotografada, gostaríamos de propor uma linha curatorial que passa pela imaginação como concepção de mundos reais ou possíveis. Aqui pensamos desde o relato do que foi, do que pareceu ser, mas também do que é e do que poderia ser, mesmo que apenas no campo da imaginação.
Seguindo a vocação já demonstrada na trajetória do Pequeno Encontro da Fotografia, gostaríamos também de reforçar um caráter coletivo desta imaginação proposta. Diderot defendeu que duas pessoas juntas podem produzir pensamentos que cada uma separadamente talvez não fosse capaz de produzir. Seguimos acreditando nisso. Trazer a imaginação como tema desta edição é advogar em prol de uma imaginação coletiva com a potência que só o diálogo e o debate podem promover, é apostar no encontro de ideias – aqui não necessariamente entendido como concordância, mas também de confronto, de disputa – que nos impulsiona para outros lugares, para outros posicionamentos.
Queremos trabalhar o potencial das imagens para nos proteger ou recuperar de processos de desumanização. Se a criatividade é uma característica do humano, se isso nos distingue de outros animais, exercitar nossa capacidade de imaginar, de elaborar mundos, cenários e modelos é terapia para processos de desumanização. A fabulação e o sonho não como alienação, mas como proposição. Aqui a distância atua como chance de enxergar por outro ponto de vista e de vislumbrar horizontes sensíveis.
Maria Chaves, Eduardo Queiroga e Mateus Sá.
programação
Quinta-feira (14/9)
Pela internet:
O dia todo no site – Espaço da Pesquisa, com curadoria de Anelise De Carli (RS)
e a exposição virtual O cinema é filho da fotografia. A fotografia é filha da pintura, de
Bruno Vilela (PE)
10h às 12h – Oficina virtual Processos Fotográficos e Criação Artística, com Renata Voss (BA)
15h às 17h, ao vivo pelo YouTube – Painel 1 do Espaço da Pesquisa
Trabalhos apresentados:
- Referência cruzada: um modo de ser possível para a imagem técnica – Alan Campos Araújo (Unicap)
- Fotografia como recorte da paisagem: o uso de dispositivos móveis para estudos de desenho de observação – Eduardo Gomes de Lucena (UFRPE e IFPE) e Daniela Nery Bracchi (UFPE)
- A fotografia e os diálogos adiados e ficcionais no álbum de família – Elisa Elsie Costa Batista da Silva Beserra, Mariana do Vale Gomes e Maria Angela Pavan (UFRN)
- O Terreiro do Pajé Barbosa: memórias político-afetivas do território Pitaguary – Alex Hermes Assunção (UFRN)
- Curadorias vernaculares no Sertão do Pajeú Pesquisa: Sertão de lembranças. 2021-2024 – José Afonso Silva Jr. (UFPE).
19h às 21h, ao vivo pelo YouTube – Painel 2 do Espaço da Pesquisa
Trabalhos apresentados:
- Visualidade imperial e arquivo – Dayse Euzébio (UFPE)
- O roubo do roubo: Apropriação e montagem como revide histórico na obra de Denilson Baniwa – Rochele Zandavalli (UFRGS)
- (Foto) Escrevivências, famílias negras e traumas coloniais: notas sobre Pontes sobre o Abismo (2017) de Aline Motta e Travessia (2019) de Safira Moreira – Marina Feldhues (UFPE)
- As imagens vitais da floresta: Uma análise do fotofilme Povo da lua, povo do sangue – Lwidge de Oliveira e Maria Beatriz Colucci (UFSE)
- Uma centelha que não se apaga nunca: Fotografia e memória nos arquivos de Helena Antipoff – Pedro Rena (UFMG).
Sexta-feira (15/9)
Pela internet:
O dia todo no site – Espaço da Pesquisa, com curadoria de Anelise De Carli (RS)
e a exposição virtual O cinema é filho da fotografia. A fotografia é filha da pintura, de
Bruno Vilela (PE)
10h às 12h – Oficina virtual Processos Fotográficos e Criação Artística, com Renata Voss (BA)
No Mercado Eufrásio Barbosa:
9h à 21h – Exposições Impressos, de Ricardo Peixoto (PB), e Electrical, de Isabela Cribari (PE)
10h às 12h – Oficina presencial Fotografia Artevida: Linguagens e histórias, com Simone Rodrigues (RJ)
14h às 16h – Oficina presencial Estratégias para construir discursos visuais potentes, com Marilene Ribeiro (MG)
16h – Ciranda Fotográfica
Obras apresentadas: 301 – tiago duque marques (PE) | (EM) Transição – Pesquisa cultural em fotografia e agroecologia – Paulo Santana, Danilo Galvão, Roberta Guimarães e Associação Vida Agroecológica de Bonito-PE | entre a moleza dura e a dureza fluida – Ga Olho (DF) | Afroecologia – Jô Rodrigues (PE).
18h – Projeções e palestras “Criando paisagens políticas – quando a fotografia expandida convoca a cidadania”, de Marilene Ribeiro (MG); e “Onde o vento faz a curva… Memórias inventadas”, de Ricardo Peixoto (PB), com mediação de Rebeka Monita (PE)
Obras projetadas: Lume – Alícia Cohim (PE) | Libellum – Amanda Bambu (AL) | Menos Pausa – Ana Leal (SP) | Caligrafias – Ana Sabiá (SC) | ENTRANHAMENTO – Andrea Bernardelli (SP)
Sábado (16/9)
Pela internet:
O dia todo no site – Espaço da Pesquisa, com curadoria de Anelise De Carli (RS)
e a exposição virtual O cinema é filho da fotografia. A fotografia é filha da pintura, de
Bruno Vilela (PE)
10h às 12h – Oficina virtual Processos Fotográficos e Criação Artística, com Renata Voss (BA)
No Mercado Eufrásio Barbosa:
9h à 21h – Exposições Impressos, de Ricardo Peixoto (PB), e Electrical, de Isabela Cribari (PE). Visita guiada com presença dos artistas a partir das 14h30.
10h às 12h – Oficina presencial Fotografia Artevida: Linguagens e histórias, com Simone Rodrigues (RJ)
14h às 17h – Oficina presencial Estratégias para construir discursos visuais potentes, com Marilene Ribeiro (MG)
16h – Ciranda Fotográfica
Obras apresentadas: Ovelhas – Priscila Urpia (PE) | águas que me habitam – Elysangela Freitas (PE) | Me explique como em um delírio – Clara Lucena e Ruan Pablo (PE) | Devoção e Promessa: um fotolivro sobre a relação de moradores de São Cristóvão com Nosso Senhor dos Passos – Inácio Prado (SE).
18h – Projeções e palestras “Imagem e desejo: entre a necessidade e a vontade”, de Simone Rodrigues (RJ), e “Arte, representação e a vulnerabilidade para além do sofrimento”, de Fabiana Moraes (PE), com mediação de Rebeka Monita (PE)
Obras projetadas: .REVIR. – Fernando Gomes (BA) | Treinado para esquecer – Fernando Maia da Cunha (CE) | destino ao começo do fim – gabriel bicho (RO) | O Silêncio fala – Juliana Arruda (SP) | MARGINADOS – Mateus Morbeck (BA) | A respeito dos panos lá de casa – Paulo Rossi (PB) | A luz que revela a imagem é a mesma que a apaga e movimenta – Daniela Pinheiro (RS), chlorophyll print e montagem; Txai Fernando (SC) com a voz da indígena Dona Francisquinha (AM), trilha sonora
Domingo (17/9)
Pela internet:
O dia todo no site – Espaço da Pesquisa, com curadoria de Anelise De Carli (RS)
e a exposição virtual O cinema é filho da fotografia. A fotografia é filha da pintura, de
Bruno Vilela (PE)
Pelo Sítio Histórico de Olinda:
8h30 – Expedição fotográfica (concentração na Casa Estação da Luz e paradas na Trilha do Sítio, no Atelier Luciano Pinheiro e na Pousada Irradiante, mapa).
No Mercado Eufrásio Barbosa:
9h à 21h – Exposições Impressos, de Ricardo Peixoto (PB), e Electrical, de Isabela Cribari (PE)
10h às 12h – Oficina presencial Fotografia Artevida: Linguagens e histórias, com Simone Rodrigues (RJ)
14h às 17h – Oficina presencial Estratégias para construir discursos visuais potentes, com Marilene Ribeiro (MG)
Na Casa Estação da Luz:
18h – Café Pequeno (confraternização com projeção de imagens feitas por participantes expedição fotográfica; lançamento do livro Câmera Turva, de Juliana Leitão, e do site Cartografia PE, dos fotógrafos Mateus Sá, Pio Figueiroa e Eduardo Queiroga; e apresentação dos resultados das oficinas, entre outras atrações)
Download da programação em PDF.
ciranda fotográfica
O projeto (EM)Transição – Pesquisa cultural em fotografia e agroecologia, vencedor da Ciranda Fotográfica, surge encontro entre o pesquisador e doutor em agroecologia Paulo Santana, os fotógrafos Danilo Galvão e Roberta Guimarães e os agricultores da Associação Vida Agroecológica de Bonito-PE. Esta história é apresentada por Elizabeth Bandeira no texto O Tempo do Jardim é o Tempo do Outro, publicado no site da Propágulo.
espaço da pesquisa
painel 1 | 14 de setembro
- Referência cruzada: um modo de ser possível para a imagem técnica – Alan Campos Araújo (Unicap)
- Fotografia como recorte da paisagem: o uso de dispositivos móveis para estudos de desenho de observação – Eduardo Gomes de Lucena (UFRPE e IFPE) e Daniela Nery Bracchi (UFPE)
- A fotografia e os diálogos adiados e ficcionais no álbum de família – Elisa Elsie Costa Batista da Silva Beserra, Mariana do Vale Gomes e Maria Angela Pavan (UFRN)
- O Terreiro do Pajé Barbosa: memórias político-afetivas do território Pitaguary – Alex Hermes Assunção (UFRN)
- Curadorias vernaculares no Sertão do Pajeú Pesquisa: Sertão de lembranças. 2021-2024 – José Afonso Silva Jr. (UFPE).
painel 2 | 14 de setembro
- Visualidade imperial e arquivo – Dayse Euzébio (UFPE)
- O roubo do roubo: Apropriação e montagem como revide histórico na obra de Denilson Baniwa – Rochele Zandavalli (UFRGS)
- (Foto) Escrevivências, famílias negras e traumas coloniais: notas sobre Pontes sobre o Abismo (2017) de Aline Motta e Travessia (2019) de Safira Moreira – Marina Feldhues (UFPE)
- As imagens vitais da floresta: Uma análise do fotofilme Povo da lua, povo do sangue – Lwidge de Oliveira e Maria Beatriz Colucci (UFSE)
- Uma centelha que não se apaga nunca: Fotografia e memória nos arquivos de Helena Antipoff – Pedro Rena (UFMG).
Os textos são apresentados no ebook A imaginação como saída (Propágulo, 2024), com organização de Anelise De Carli e Eduardo Queiroga.
exposições

Impressos
Ricardo Peixoto (PB)
Na galeria do Mercado Eufrásio Barbosa (Av. Sigismundo Gonçalves, s/n, Varadouro)
impressos – orgânicos, interplanetários & avulsos
Ricardo Peixoto (PB)
Mostra virtual com audiodescrição e intérprete de Libras.
Electrical
Isabela Cribari (PE)
Na galeria do Mercado Eufrásio Barbosa (Av. Sigismundo Gonçalves, s/n, Varadouro);
O cinema é filho da fotografia. A fotografia é filha da pintura
Bruno Vilela (PE)
Mostra virtual.
palestras e rodas de diálogo
Criando paisagens políticas – quando a fotografia expandida convoca a cidadania – Marilene Ribeiro (MG)
Onde o vento faz a curva… Memórias inventadas – Ricardo Peixoto (PB)
Imagem e desejo: entre a necessidade e a vontade – Simone Rodrigues (RJ)
Arte, representação e a vulnerabilidade para além do sofrimento – Fabiana Moraes (PE)
projeções
sessão 1 | 15 de setembro
sessão 2 | 16 de setembro
expediente
coordenação geral do evento: Eduardo Queiroga, Maria Chaves e Mateus Sá ⋅ coordenação de produção: Maria Chaves e Héllyda Cavalcanti ⋅ equipe de produção: Júlia Assis, Juliana Leão e Mariana Broxado ⋅ assessoria de comunicação (site e mídias sociais): Eugênia Bezerra ⋅ design: Zoludesign ⋅ vídeo: Jacaré Vídeo.
A 9ª edição do Pequeno Encontro da Fotografia foi realizada em 2023 com produção da Proa Marketing Cultural e Projetos e recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).
































