Diego Oliveira| GO
Muito da minha produção como fotografo gira em torno do meu trabalho como motoboy, não que o meu trabalho em si seja o tema. A série “Percepção” teve início em 2019 porque eu queria explorar mais as possibilidades de fotografar com o celular, aproveitando o meu horário de trabalho. Comecei a notar um padrão nas saídas dos consultórios dos dentistas, que em sua maioria são corredores mal iluminados, a primeira foto que fiz foi de uma lixeira hospitalar bem comum nas portas dos consultórios, logo depois veio uma vontade de fotografar pessoas, no decorrer do dia logo após ter feito uma entrega eu observava se a luz estava de um jeito interessante para a foto e ficava um ou dois minutos esperando alguém aparecer, de vez em quando não passava ninguém, ainda tem alguns corredores a onde eu não tenha conseguido uma foto, por falta de pessoas ou iluminação. Um amigo me perguntou o porquê eu ficava repetindo a mesma foto, a resposta fácil seria que provavelmente eu tenho um pouco de TOC, porem eu estava fotografando pessoas diferentes em locais diferentes, em possíveis casos de solidão, algo que não e difícil de imaginar nas grandes cidades, com o início da pandemia o projeto ficou parado por 10 dias, tempo que eu fiquei em casa sem trabalhar, quando voltei a fazer entregas já estávamos cansados de ouvir sobre o isolamento social, mais o que eu via eram calçadas cheias de pessoas com suas máscaras coloridas, algo tinha mudado mesmo parecendo tudo igual, era palpável certa tensão no ar. O nome da série Percepção vem do ato de tentar perceber a solidão das pessoas enquanto elas andam pela cidade. Ironicamente eu não tinha percebido antes de revisitar as imagens para finalizar o trabalho como o ato de fotografar dentro de corredores escuros também e algo solitário.
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