A oficina como um encontro entre pessoas que produzem e pensam sobre fotografia e arte contemporânea, momentos para a troca de ideias e de experiências, assim é a oficina de Alexandre Sequeira. Ao longo de uma hora, todos falaram sobre suas vidas e suas relações com a fotografia. Design, comunicação, fotografia, artes visuais, Psicologia, Geografia, são diversas as formações da turma.
Sequeira falou que sempre soube que seria artista e, a partir da formação em arquitetura e do trabalho com design gráfico, chegou à fotografia como linguagem para a expressão artística. Confessou que se constrange ao falar que é fotografo, pois vem de uma cidade que tem muitos fotógrafos bons – Belém (PA) – e destacou a importância do coletivo Foto Ativa para o despertar do seu interesse para uma Fotografia mais autoral.
“Nos últimos 10 anos, a expansão da fotografia digital provoca a discussão sobre o valor documental. Parece que essa discussão surgiu depois do digital, mas ela existe desde a criação da fotografia, mas ela vem desde o daguerreótipo”. Sequeira disse isso, e apresentou a clássica fotografia “Boulevard du temple”, capturada por Daguerre, em 1938. A foto apresenta uma Paris deserta, não porque não houvesse ninguém andando por ali, mas porque o tempo de exposição era tão longo que a sua passagem não era capturada. A foto, então, já não representava o real.
O que Sequeira propõe é uma mudança de ponto de vista, considerando que a fotografia já parte da subjetividade do enquadramento, de uma escolha do fotógrafo. Chama atenção também para os equipamentos de fotografia como próteses, algo simples demais de se usar: “Antes, fotografar exigia um esforço, um movimento físico. Hoje, fotografar exige o esforço de um piscar de olhos, pode ser até casual, surgir de um acidente. Um toque, um touch screen”, ensina.
A ideia central dele é partirmos da compreensão da fotografia como linguagem, para além da técnica, da fotografia em suas possibilidades de criar deslocamentos, “dobras do real”. “O que é real e o que é ficção? Que cenas foram dirigidas e que tomadas são espontâneas? São perguntas que não conseguimos responder”, encerra Sequeira.
“Você consegue unir aspectos documental e antropológico à expressão. Eu uso seus trabalhos em sala de aula”, José Afonso Jr. é um dos alunos da oficina de Sequeira.
Foto: Alexei Joseph