2012 | Oficinas : Percepção do Olhar : encerramento

“Uma verdadeira viagem do descobrimento não é encontrar novas terras, mas ter um olhar novo”.
Marcel Proust

Fotos: Guga Pimentel

Imagine uma oficina de Fotografia sem um clique de câmera sequer durante três tardes. Este é um dos princípios da oficina “Percepção do Olhar” ministrada por Ricardo Peixoto (PB). A metodologia criada pelo fotógrafo e mago propicia a desautomatização do olhar e o despertar de um olhar afetivo sobre o outro, sobre as coisas, sobre a natureza. “A câmera já está. Aqui dentro (aponta para a cabeça). O que queremos é encontrar a imagem interior”, sorri Peixoto.

Num ambiente ritualístico, com música ambiente e todos de pés descalços. Ao longo das numerosas atividades propostas por Ricardo, muitas visam à consciência corporal – relaxamento e alongamento. Compartilham-se ideias e sentimentos, mas também o silêncio. A meditação é um momento importante em cada encontro vivido pela turma. Desses momentos, saem as imagens interiores que se quer encontrar.

A segunda tarde começou com uma pergunta para cada. Perguntas do tipo: “Como podemos fazer deferente de sempre?”, que deveriam ser mantidas na mente e cujas respostas deveriam ser encontradas enquanto cada um atravessava a sala – quantas vezes fossem necessárias – limpando o chão com um pano embebido em um líquido cheiroso. As respostas não se pronunciaram.

A oficina foi permeada por toques amistosos e entreolhares constantes. Todos se abraçam, apertam as mãos, fazem caretas, dão gritos e risadas. Uma terapia. Relaxados, de olhos vendados, levados ao estado de meditação pela voz de Ricardo, todos foram convidados a se transportar a uma floresta, enquanto escutavam as palavras gentis:

“Alguns dos melhores momentos de nossas vidas experimentamos de olhos fechados. Tudo pode acontecer. Tudo dá pra imaginar. Aqui estamos todos aprendendo a ver sem olhar. A ver o mundo com olhos novos.”

Na volta da meditação, ainda vendados, cada um foi convidado por Ricardo a “falar com o coração aquilo que se sente sem julgamentos” e a desenhar o que foi visto sobre papel de alta gramatura. As bordas sensíveis permitiam enquadrar seus desenhos. E assim, gentilmente, de atividade em atividade, a turma foi se livrando de preconceitos estéticos, construindo uma nova noção ética a partir do afeto e da construção coletiva.

No encerramento, divididos em três grupos, Ricardo explicou que cada grupo iria mostrar o significado da oficina, com música, dança, interpretação, à sua escolha. O que vimos, sem palavras, foram a presença constante do toque afetuoso, despido de temor ou limites, o encantamento, a descoberta do mágico cotidiano, o desejo de fazer juntos.

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